O melhor barista dos Estados Unidos e uma especialista em café gourmet no Brasil explicam como deixar o café caseiro mais saboroso
Laura Lopes
Revista Época
A maioria das pessoas relaciona o café com o término de uma refeição: como ingrediente da sobremesa, em tortas ou pavês, ou na xícara. Mas há aqueles que vão além dessa convenção. O líquido extraído desse grão tem um sabor tão cheio de personalidade que também pode ser usado em entradas e pratos principais. E quando ele se transforma no ingrediente principal (e único), todo cuidado é pouco. Por isso há tantos especialistas em café ao redor do mundo.
Revista Época
A maioria das pessoas relaciona o café com o término de uma refeição: como ingrediente da sobremesa, em tortas ou pavês, ou na xícara. Mas há aqueles que vão além dessa convenção. O líquido extraído desse grão tem um sabor tão cheio de personalidade que também pode ser usado em entradas e pratos principais. E quando ele se transforma no ingrediente principal (e único), todo cuidado é pouco. Por isso há tantos especialistas em café ao redor do mundo.
Nas cafeterias gourmet, que cresceram em ritmo acelerado no Brasil nos últimos anos, os baristas esmeram-se para conseguir o equilíbrio perfeito entre dose, temperatura da água, tempo de extração da bebida, pressão, distribuição no porta-filtro (onde o pó é colocado, antes de ir para a máquina de expresso)… São muitos os detalhes que devem ser levados em conta. "Tem que ajustar a dose de acordo com o café", diz Michael Phillips, melhor barista americano de 2009 e terceiro lugar no campeonato mundial da classe. Segundo ele, além da secagem, torração e moagem do grão, a temperatura e a umidade do dia influenciam na bebida. Seu paladar apurado contribui para que ele faça um café perfeito – afinal, é provando a bebida que o barista chega ao ponto desejado. O melhor produto, para Phillips, é o mais novo possível: grão colhido há pouco e moído recentemente (no máximo, três meses e duas semanas, respectivamente).
O barista Michael Phillips, campeão americano"O café expresso é como se fosse uma lente de aumento", diz Phillips, que veio ao Brasil para a aula magna da Escola de Baristas do Suplicy Cafés. "Ele amplifica tudo no grão que está sendo usado, todos os defeitos e qualidades", afirma. Na cafeteria onde trabalha, Intelligentsia, em Chicago, cada máquina é operada por apenas um barista, responsável por sua regulagem e, obviamente, pela qualidade do produto final. Para isso, os clientes esperam mais e também pagam mais. A empresa é considerada top de linha e usa grãos brasileiros em seu blend – mistura de grãos diferentes. Para Phillips, o café brasileiro é excelente, embora afirma não usá-lo tanto quanto gostaria.
Se o expresso é uma lente de aumento para a qualidade do grão, o café de coador, tão comum por aqui, é a melhor maneira de preparar o produto em casa. Há cafeteiras de expresso para uso residencial, mas, em geral, são grandes e caras. "Cada sachê custa até R$ 3", diz Marília Faria, do Madamme Dorvilliers, dono do título de melhor café gourmet pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). As diferenças entre o café expresso e o de coador são, basicamente, a pressão da água (alta no expresso e natural no coador) e a moagem do grão. A moagem perfeita não permite que a água passe nem muito depressa nem tão devagar. "Quanto mais a água fica em contato com o pó, mais cafeína extrai dele", diz Marília. Ela conta que "os 10 primeiros segundos da extração revelam os atributos de aroma e sabor".
Confira outras dicas para fazer do seu café caseiro um café profissional.
Confira outras dicas para fazer do seu café caseiro um café profissional.
Dicas do Barisa Michael Phillips
Michael Phillips ensina que o grão do café deve ser novo e recentemente moído
Michael Phillips ensina que o grão do café deve ser novo e recentemente moído
• Comprar café novo e torrado há pouco tempo;
• No supermercado, a primeira coisa que você tem que ver é quando o café foi moído. Tem que ser no máximo há duas semanas. Depois, ele perde o sabor;
• Altas temperaturas deixam o café ácido e com gosto de queimado. Já uma água fria não extrai seu sabor adocicado.
Para saber o ponto certo da água, tire a chaleira do fogo quando a água ferver e espere de 10 a 15 segundos.
Para saber o ponto certo da água, tire a chaleira do fogo quando a água ferver e espere de 10 a 15 segundos.
Dicas da Barista Marília Faria
• Para chegar à temperatura ideal da água, compre um termômetro culinário. Ela deve estar entre 90º e 95º;
• A proporção clássica de pó para água é de 10ml de água para 1g de café – ou 30g de café para um copo comum de água;
• O café deve ser consumido na hora em que é coado e nunca ser reaquecido, como acontece nas cafeiteiras elétricas;
• A água não pode passar mais de uma vez sobre o mesmo pó. Por isso, jogue-a bem no centro do coador. Jogar água na borda do coador significa fazer a bebida da borra do café, com muita cafeína e gosto de queimado;
• Depois de aberto, o café não precisa ficar na geladeira. O que o estraga é o contato com oxigênio, luz e calor excessivo. É mais importante colocá-lo num pote bem vedado do que em ar refrigerado.